Antoninho da Fronteira foi radialista por 60 anos
Nas manhãs de domingo dos últimos 59 anos, Antoninho da Fronteira cantou e falou do que mais sentia: falava da saudade.
[ Leandro Machado ]
Falava da falta que fazia sua terra, Santa Maria/RS, mas também da saudade de que sentem os outros. Nasceu Antônio Ricardo Comassetto, e foi um monte de coisas: operário em frigorífico, compositor, cantor, repentista, amante e divulgador da cultura gaúcha.
Foi na rádio que ficou conhecido: apresentou, por quase seis décadas, o programa dominical “Saudade da Minha Terra”, na Rádio Rural de Concórdia/SC, onde viveu até morrer.
Saiu do Rio Grande do Sul em 1950. Trabalhador do campo, precisa de emprego mais estável. Soube que, em Concórdia, um frigorífico estava contratando jovens. Foi e ficou. Mas, a saudade da roça bateu e virou músicas. Várias, mais de 100. Delas surgiram dois LPs, três CDs e um DVD.
“As músicas dele falavam da saudade do campo, da vida do trabalhador da roça, homem simples”, conta o sobrinho Noé de Vargas, 68.
Como cantor, Antoninho ficou conhecido na cidade catarinense. Veio então o chamado do rádio. Estreou seu programa em 1954.
Criou também outro clássico radiofônico de Concórdia: o “Roda de Chimarrão”. Foi sócio e fundador do Centro de Tradições Gaúchas “Fronteira da Querência”- daí o apelido “Fronteiriço”. “Também me levou para o rádio”, diz o sobrinho Noé, radialista em Concórdia. Antoninho morreu na terça-feira, 02/09, aos 84, de problemas nos rins. Deixa saudade. E também mulher e três filhos. Mais Antoninho.
(Folha de S.Paulo | Coluna Obituário | C4 Cotidiano | Sexta-feira, 5 de setembro de 2014
Radialista, jornalista, publicitário, professor e pesquisador é Mestre em Administração pela UDESC – Universidade do Estado de SC: para as áreas de marketing e comunicação mercadológica. Desde 1995 se dedica à pesquisa dos meios de comunicação em Santa Catarina. Criador, editor e primeiro presidente é conselheiro nato do Instituto Caros Ouvintes de Estudo e Pesquisa de Mídia.
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